Espírito de luta e busca por conhecimento: ex-aluno da Aliança se dedica cada vez mais ao estudo da cultura e língua japonesa

Paula Cabral Gomes

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Às vezes gostamos muito de algo e, quando nos perguntam por quais motivos sentimos essa admiração, não sabemos explicar. A admiração de Leonardo Cavalheiro, 34 anos, linguista, pela cultura japonesa é uma dessas paixões que não temos certeza de como começaram, mas que sentimos ser muito forte.

Estudante de japonês desde os 15 anos, Leonardo foi se envolvendo cada vez mais com a história e a língua nipônicas, até se tornar vencedor de concursos de oratória e receber o apoio de grandes professoras. Com planos de ir ao Japão pela terceira vez e viver lá por um ano, conhecendo realmente as quatro estações do ano no país, o linguista se prepara estudando mais e se dedicando ao idioma.

A cultura japonesa também ensinou a Leonardo mais sobre o espírito de luta, que o impulsiona a alcançar seus objetivos, e a buscar e compartilhar conhecimentos, um dos pontos mais fortes da cultura japonesa, também cultivado com afinco pela Aliança. Confira abaixo mais detalhes sobre a trajetória de Leonardo e sua relação com o Japão e sua cultura.

Quando começou a estudar japonês?

Eu comecei a estudar japonês sozinho aos 15 anos, fuçando na internet da época. Era 1999 (o tempo voa). Usava as aulas de matemática, das quais não era muito fã, para praticar hiragana e katakana.

Depois de quase um ano, decidi que era hora de começar a ter um método. Fui para o Kumon, onde estudei por mais ou menos 9 meses. Pratiquei muito a escrita, mas senti falta de viver a língua realmente.

Comecei na Aliança em seguida. Se não me engano, foi um curso intensivo de férias na unidade Vergueiro. Minha primeira professora foi a Rosa Nomura, a quem eu agradeço demais até hoje. Eu era muito ansioso e tinha muitas perguntas. Ela sempre foi muito paciente e solícita. Depois das aulas, me dedicava muito do seu tempo para responder as inúmeras dúvidas que eu tinha.


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Em que nível está?

Eu cheguei a cursar o nível avançado da Aliança com a professora Akiko Kurihara, mas tive que me mudar de país logo em seguida, em 2006, por uma série de acontecimentos inesperados. Tentei continuar estudando (e até consegui por algum tempo), mas me dei conta que em poucos lugares havia um ensino tão forte da língua japonesa como em São Paulo.

Desde então tive pouco contato com o idioma, já que minha convivência com a comunidade tinha diminuído bastante. Foi muito difícil aceitar a nova rotina. Fiz o que pude, no entanto, só pude voltar a estudar japonês como queria em 2015, quando entrei em um curso universitário de tradução onde moro atualmente, na Irlanda.

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Quando, como e por que começou seu interesse pela cultura japonesa?

Acho que quem plantou a sementinha da curiosidade foi minha mãe, já que foi ela quem cresceu em contato com a cultura japonesa. Seus vizinhos, Kimi-san e Ito-san, eram japoneses e ela vivia enfiada na casa deles quando era pequena, já que os filhos deles tinham a mesma idade que ela. Tomava banho de ofurô, comia comida japonesa e ia ao cinema da Liberdade assistir filmes japoneses.

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Ela sempre usou palavras em japonês durante a minha infância: Vai no “benjô“? Faz “buru-buru”! “Gohan” tá pronto! “Dame, kusai”! Então eu cresci meio que sem saber o que era japonês e o que era português. De alguma maneira acho que isso influenciou a minha vontade de aprender o idioma corretamente. Posso dizer que foi gradual e aconteceu naturalmente, já que meu irmão ou minhas irmãs acabaram se interessando por coisas diferentes.


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Já foi ao Japão? Se sim, quando? Dê o máximo de detalhes, por favor!

Eu fui ao Japão pela primeira vez em setembro de 2005, com o programa 平成17 国際交流基金日本語成績優秀者研修 – Programa de Treinamento a Estudantes Proeminentes de Japonês da Fundação Japão de 2005 (em tradução livre). Anteriormente, eu havia me dedicado quase que integralmente ao estudo do “nihongo”. Nessa fase, eu tive um apoio quase que olímpico da professora Michiyo Nakata, que fez de tudo por mim (foto abaixo).


mini-Leonardo e Michiyo Nakata

Ela me treinou incansavelmente para a categoria C do concurso estadual de oratória de 2004, que acabei vencendo. Isso me levou ao nacional, que aconteceu em Belém. A professora não deixou de me apoiar e, inclusive, me acompanhou até o Pará. Consegui levar o primeiro lugar para casa e isso me ajudou a representar o Brasil no Japão no ano seguinte.

Esse programa da Fundação Japão reúne estudantes de aproximadamente 80 países que se destacaram de alguma forma. Foram 21 dias, se lembro bem, estudando, viajando e conhecendo o Japão. Até viver com uma família durante alguns dias estava incluso. Umas das memórias mais bonitas que tenho.


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Todo esse apoio que tive das professoras da Aliança me ajudou a formar um espírito de luta muito forte, que utilizei durante minha caminhada cheia de tropeços fora do país. Participei de mais dois concursos de oratória; um na Espanha, por volta de 2007, em que fiquei em segundo lugar, e outro na Irlanda, em 2016.

Esse último me rendeu minha segunda viagem ao Japão, depois de ter conquistado o primeiro lugar. Dessa vez, fui em novembro, porque queria saber o que era outono.

Provavelmente, umas das decisões mais acertadas da minha vida. Arrisco-me a dizer que é a época mais bonita do país, mas só posso confirmar mesmo depois de viver o inverno e a primavera lá também. (rs). Na verdade, é o que planejo para este ano. Por conta do curso universitário que faço, espero ter a oportunidade de viver por um ano em Tóquio muito em breve.

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Qual a importância do aprendizado e do compartilhamento da cultura japonesa no Brasil?

Acredito que todos os países têm algo a ensinar e a aprender. O Japão, no meu caso, me ajudou a seguir em frente, mas, ao mesmo tempo, a compartilhar conhecimento durante esse caminho. Temos, brasileiros e japoneses, muito em comum. Mais do que imaginamos. Vale a pena se aprofundar nas questões culturais das duas nações e descobrir o quanto podemos aprender uns dos outros.


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De fato, o Japão é um país que está constantemente se reinventando e o governo possui muitos programas de intercâmbio de conhecimento. Inevitavelmente, o estudante que tiver clara a ideia de querer construir alguma relação com o Japão terá apoio do governo. A Aliança, pelo que vejo de longe, cresceu muito. Isso me deixa mais do que feliz. Significa que há mais gente compartilhando esse sentimento bom que a escola plantou em mim e que carrego até hoje, que me ajuda tanto a buscar e dividir ainda mais conhecimento.

 

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

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