11 de agosto é o Dia do Ganbare (ガンバレの日)!

“Hoje é Dia de Cultura Japonesa!” – Capítulo 21

Publicado originalmente em 11/08/2020, atualizado em 2021.

 

Ganbare é uma palavra de incentivo muito utilizada no Japão, muitas vezes traduzida como “força”, “esforce-se”, “aguente firme”, “persista”, etc.

No dia 11 de agosto de 1936Hideko Maehata se tornou a primeira mulher japonesa a conquistar uma medalha de ouro nos jogos olímpicos. Este momento também foi marcado pela lendária locução do radialista Sansei Kasai, da NHK, que “esqueceu” seu papel de narração, e repetiu enlouquecidamente “Maehata, ganbare!” (Força, Maehata!), envolvendo todos os ouvintes do Japão num mar de emoção.

Maehata nasceu em 1912, na província de Wakayama. Foi à sua primeira olimpíada em 1932, em Los Angeles, e conquistou a medalha de prata nos 200 metros de nado peito. A diferença em relação à campeã, a australiana Clare Dennis, foi de apenas 0,1 segundo.

Maehata pretendia se retirar dos esportes após Los Angeles. Porém, Hidejirō Nagata, então prefeito da Cidade de Tóquio (que se tornou a atual metrópole de Tóquio em 1943), fez uma cobrança à jovem atleta em pleno evento comemorativo dos jogos de 1932: “Por que você não trouxe a medalha de ouro? Foi apenas 0,1 segundo de diferença. Lamentável!” (tradução nossa).

Quatro anos depois, lá estava Maehata em Berlim, onde voltou a participar dos 200 metros de nado peito. Venceu a alemã Martha Genenger por um segundo de diferença, finalmente conquistando o ouro, tão esperado por todo o Japão.

Maehata relata a enorme pressão que enfrentou nos quatro anos entre as duas Olimpíadas. Ela chegou a pensar que não poderia voltar ao Japão, ou até mesmo que deveria pagar com a sua vida, se não conquistasse o ouro em Berlim.

De fato, muito se diz que o “ganbare” é uma palavra muito bonita, positiva, que dá energia para as pessoas. No entanto, pode se tornar uma faca de dois gumes, se utilizada para pessoas que estão realmente numa situação de limite. Atualmente é comum ver orientações para evitar dizer “ganbare” para sobreviventes de catástrofes naturais, ou crianças e adolescentes vítimas de bullying, por exemplo. Por melhor que seja a intenção, o “ganbare” pode se tornar um fardo para as pessoas que já tiveram que suportar e se esforçar tanto, frente à situação adversa.

Após o lugar mais alto no pódio de Maehata, o próximo ouro olímpico feminino japonês viria apenas em 1964, em Tóquio, com o time de vôlei que ficou conhecido como Tōyō no Majyo (東洋の魔女, As Bruxas do Oriente).

O segundo ouro japonês na natação feminina veio em Munique 1972, com Mayumi Aoki, nos 100 metros borboleta. Já em Barcelona 1992, Kyoko Iwasaki tornou-se a terceira japonesa a conquistar o ouro na natação, nos mesmos 200 metros nado peito de Maehata. Na ocasião ela tinha 14 anos e 6 dias, tornando-se a medalhista de ouro mais jovem da história da natação das olimpíadas (masculino e feminino), marca que continua até os dias de hoje. Também foi a medalhista olímpica mais jovem do Japão (masculino e feminino) até 2021, quando Momiji Nishiya superou a marca conquistando o ouro no Skate categoria Street com 13 anos e 330 dias, e na semana seguinte Kokona Hiraki conquistou a medalha de prata com 12 anos e 343 dias no Skate categoria Park.

Logo após a prova em que conquistou o ouro, Iwasaki disse o seguinte na entrevista: “今まで生きてた中で、一番幸せです (Imamade ikiteta nakade ichiban shiawase desu)” que seria algo como “é o momento mais feliz de tudo que vivi até agora” (obs: a frase foi transmitida de forma equivocada desde 1992, até que a própria ex-atleta corrigiu a frase durante o programa Toudaiou, de 07/07/2021. Aqui já apresentamos a forma correta segundo Iwasaki).

O sucesso precoce trouxe também o lado negativo como críticos, trotes telefônicos, e até mesmo stalkers (perseguidores obsessivos). No fim, não conseguiu manter o desempenho em Atlanta 1996, e se retirou da natação de alto rendimento em 1998. Várias atletas de menos de 15 anos como Nishiya, Hiraki, a brasileira Raissa Leal, e a chinesa Quan Hongchan foram destaques se destacaram em Tóquio. A torcida é muito importante para os atletas, mas esperamos que o público mantenha certos limites quanto ao “assédio do ganbare”, principalmente para os jovens talentos que estão surgindo agora.

A natação (競泳, kyōei) é hoje considerada um お家芸 (oieguei), ou “especialidade da casa” japonesa nos jogos olímpicos, somando 22 medalhas de ouro e 80 no total (masculino e feminino). Os outros お家芸 do Japão são: ginástica (体操, taisō, 31 ouros, 98 no total), judô (柔道, 39 ouros, 84 no total), e luta estilo livre (レスリング, resuringu, 32 ouros, 69 no total). Somando o número de ouros de todos os outros esportes, o Japão conquistou 18 medalhas. (Dados até os jogos de Rio de Janeiro 2016).

 

Nos jogos olímpicos em Tóquio, estes esportes também foram os destaques do Japão. A lista atualizada é a seguinte:

Ginástica: 33 ouros / 34 prata / 36 bronze / 103 total
Judô: 48 ouros / 21 prata / 27 bronze / 96 total
Natação: 24 ouros / 27 prata / 32 bronze / 83 total
Luta estilo livre: 37 ouros / 21 prata / 18 bronze / 76 total

 

Veja também nossos outros artigos esta série:

1º de setembro – Prevenção contra Desastres (Capítulo 34)
8 de setembro – Naomi Osaka (Capítulo 39)
23 de outubro – Bruxas do Oriente (Capítulo 69)

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