Aluno da Aliança participa de programa de intercâmbio internacional do governo japonês – Next Generation Global Leaders Program

Reportagem: Erika Yamauti
Edição: Paula Cabral Gomes

Em 2017, Guilherme dos Santos Honório, 25 anos, fez uma viagem que mudaria a sua vida. O estudante foi selecionado para o Next Generation Global Leaders Program, programa oferecido pelo governo japonês para fomentar o mútuo entendimento entre jovens de vários países. Cerca de 240 pessoas fizeram parte do programa desse ano, sendo 120 japoneses e 12 pessoas de 10 países diferentes (Brasil, Canadá, Costa Rica, Egito, Fiji, Índia, Nova Zelândia, Quênia, Tonga e Ucrânia), que embarcaram no “The Ship for World Youth Leaders” para uma viagem de 40 dias no Japão, Nova Zelândia e Ilhas Fiji.

mini-Homestay em Yamaguchi


O aluno do curso Brush-Up da Aliança e analista de negócios na McKinsey & Company concedeu uma entrevista sobre essa experiência fantástica!


1. Por que você decidiu estudar japonês?

Desde pequeno estudava inglês e, aos 12 anos, queria aprender uma língua diferente. Tive um pouco de exposição à cultura japonesa através dos animes e mangás, e acabei me interessando pela língua japonesa. Comecei a estudar nihongo em um kaikan (associação) e participando dos eventos da comunidade, fui imerso na cultura e logo percebi que havia muito mais do que aquilo que víamos na mídia. Desde então estudo a língua e a cultura japonesas, e acho interessante como países tão distantes (geográfica e culturalmente) conseguem ter relações tão próximas. Acho que as duas culturas têm muito a aprender com a outra.


2. Como foi a sensação de conquistar essa oportunidade? Qual foi a experiência mais marcante dessa viagem?


Fiquei muito honrado com o convite para participar do programa. Afinal, foram mais de 70 inscritos em São Paulo e apenas um selecionado. Ao mesmo tempo, foi uma grande responsabilidade representar o Brasil perante participantes dos outros países e representantes do governo japonês, que coloca bastante importância neste programa, por isso é importante que todos consigam aproveitá-lo ao máximo.


Uma das experiências mais marcantes foi ter a oportunidade de organizar um workshop de empreendedorismo para os jovens locais nas Ilhas Salomão. Conversando com ex-participantes locais antes de ir para o programa, descobri que o país tem um grande problema com desemprego entre os jovens e, como participante, quis fazer algo que pudesse contribuir para mudar esta realidade. Mais do que aguardar que empregos fossem gerados, quis fomentar nos jovens locais o sentimento de que eles poderiam ser os geradores de emprego em suas comunidades.

Grupo


Compartilhei a ideia com mais três participantes do programa que se voluntariaram a me ajudar e, com a ajuda de um dos advisors do programa, desenvolvemos um workshop focado em fomentar um mindset de empreendedorismo e fornecer ferramentas básicas para a criação do negócio. Foi uma experiência incrível em que conseguimos reunir mais de 30 jovens locais – a realidade das Ilhas Salomão é completamente diferente de tudo que já vi e adaptar o conteúdo para ser útil à população local foi um grande desafio. No fim, foi um grande aprendizado: tínhamos o objetivo de compartilhar um pouco de nosso conhecimento com a população local e acabamos sendo imersos em sua cultura, conhecendo seus desafios e até a história de alguns dos participantes. Um deles me disse que já abriu um negócio uma vez, não deu certo, mas que ele não se conformava e queria tentar de novo. Ver o brilho em seus olhos enquanto me contava (em Pijin, língua local muito parecida com o inglês) que estava em nosso workshop para aprender mais e ter sucesso da próxima vez foi muito inspirador.


Outra experiência muito marcante foi o homestay no Japão. Fiquei por três dias hospedado na casa de uma família, em Yamaguchi, no sul do país. Fui realmente tratado como se fosse parte da família e pude ter uma imersão na cultura japonesa de uma forma que dificilmente teria acesso aqui no Brasil.


3. Como era a convivência com os colegas durante a viagem? Como era o seu cotidiano? Quantos jovens estavam reunidos?


Éramos cerca de 240 participantes, 120 japoneses e 12 participantes de cada um dos 10 países – Brasil, Canadá, Costa Rica, Egito, Fiji, Índia, Nova Zelândia, Quênia, Tonga e Ucrânia. No navio, estávamos divididos em três pessoas em cada cabine, cada uma de um país diferente. Éramos também divididos em grupos com 10 japoneses mais um participante de cada país, que se tornavam a nossa “família” durante o programa. Nos reuníamos todos os dias, organizávamos atividades e trocávamos experiências.


No dia a dia, o cronograma era bastante cheio – geralmente tínhamos atividades das 9h às 21h. Sempre iniciávamos o dia com uma reunião geral para compartilhar as principais mensagens do dia e na sequência seguíamos para as atividades: cursos (entendimento intercultural, gerenciamento de projetos e liderança), sessões de discussão em grupo (cooperação internacional, no meu caso), reuniões e relatórios. O cronograma era bastante intenso e, ao fim do dia, todos se reuniam em diversos pontos do navio para conversas mais informais.


4. O que aprendeu com essa oportunidade única?


É incrível o que as pessoas podem fazer em um ambiente que oferece suporte e apoio. O clima no navio era sempre muito amigável e construtivo – todos estavam abertos para te ouvir e te ajudar. Vi participantes superando medos e inseguranças e desenvolvendo grandes projetos, tudo porque tinham colegas a seu lado para ouvi-los e ajudá-los. Era realmente como se fôssemos uma grande família.


Além disso, foi muito legal conhecer a realidade e o trabalho dos outros participantes ao redor do mundo. Alguns lutavam pelo direito dos imigrantes e refugiados em seus países, outros tinham projetos para desenvolver a educação e a economia de suas cidades natais, enquanto outros eram empreendedores, PhDs ou funcionários públicos. Eram pessoas de todos os tipos – tínhamos até dançarinos profissionais e coreógrafos de cinema.

mini-Workshop Solomons


5. O que a sua família e seus amigos acham de você estudar nihongo?


A reação geralmente é de surpresa quando descobrem que estudo japonês, dado que não tenho ascendência. Mas todos me dão muito apoio, já que sabem a importância que isto tem para mim.


6. Qual o seu método de estudo? Você gosta de assistir filmes, ler mangás? Tem algum aplicativo que você usa? Qual o seu objetivo com o estudo?


Além de frequentar as aulas, é muito importante garantir o uso da língua com certa frequência. Para isso, sou voluntário em um kenjinkai (associação de província), onde tenho contato frequente com japoneses nativos. Também tento manter contato frequente com os amigos japoneses que fiz durante o programa. Além disso, gosto de dedicar ao menos 30 minutos por dia estudando a língua ativamente, revisando kanjis, gramática e vocabulário por livros. Ouvir música enquanto faço outras atividades também ajuda a fixar o conhecimento da língua.


Comecei a estudar japonês por hobby e o estudo ainda me entretém bastante. Meu objetivo é conseguir usar a língua fluentemente em um ambiente de negócios. Recentemente tive a oportunidade de trabalhar no Japão e saber japonês, certamente, foi uma “vantagem competitiva” – mas, ainda há um longo caminho para que eu consiga discutir finanças e estratégias de negócios em japonês fluentemente.

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