Texto: Paula Cabral Gomes
No dia 9 de outubro, no Centro Cultural Aliança, em Pinheiros, o executivo Masayoshi Morimoto falou sobre o tema “Características da sociedade japonesa e da gestão empresarial” para alunos, representes de instituições ligadas à divulgação da cultura japonesa no Brasil e interessados.
O evento começou com as palavras de boas-vindas do presidente da Aliança Cultural Brasil-Japão, Sr. Yokio Oshiro, que agradeceu a presença mais frequente de Morimoto no Brasil e do público, que incentiva a existência de outros encontros semelhantes na Aliança.
Atualmente, Morimoto é professor da Universidade Wales, no Reino Unido, diretor-executivo do Kaigai Nikkeijin Kyokai e conselheiro da Comissão de Assessoria para Desenvolvimento Econômico e de Comércio Exterior da Nova Zelândia. É formado em Direito na Universidade de Tóquio e foi diretor-presidente da Sony Brasil por 10 anos e da Sony Manufacturing Company of America.
A interação com o público foi grande, gerando perguntas sobre as impressões do executivo sobre a cultura brasileira, suas pesquisas sobre a cultura japonesa e a relação do Japão com outros países.
O professor, misturando quatro idiomas (português, espanhol, inglês e japonês) para se fazer entender mais perfeitamente, abordou críticas a algumas posturas dos japoneses, como a falta de criatividade, assim como ressaltou os pontos positivos, como a qualidade dos produtos, a responsabilidade e a dedicação dos japoneses à empresa em que se trabalha.
Morimoto buscou explicar os caminhos que levaram à cultura empresarial japonesa que encontramos atualmente. A base seria a colheita de arroz, o que exige a união de todos para plantar tudo ao mesmo tempo, realizando a tarefa de acordo com o esperado, de maneira e ritmo iguais.
De acordo com o executivo, esforços e dedicação são mais valorizados pelos japoneses do que a conquista de resultados. Além disso, empresas com ética e aquelas que possuem vínculos mantidos de geração em geração fortalecem relações nos negócios.
Sobre a cultura brasileira, o primeiro contato de Morimoto foi em 1960, vendo um filme brasileiro, o que despertou o interesse pela literatura, como, por exemplo, as obras de Jorge Amado. Sobre as pessoas, os brasileiros se apresentaram de forma muito simpática e carinhosa ao empresário. “No Brasil, principalmente em São Paulo, existem muitos nikkeis. Então os brasileiros já estão acostumados e tratam os japoneses muito bem”, disse o executivo. “Depois vim para trabalhar, mas, nesse caso, fiquei muito decepcionado com o egoísmo.”
Ele também ressaltou que uma das soluções para a recuperação econômica no Japão seria a imigração, pois a população está envelhecendo e a juventude encontra-se desestimulada com a situação atual.
No final da palestra, Morimoto foi homenageado e recebeu das mãos de Oshiro-san uma placa, agradecendo a presença do professor no Brasil e, principalmente, nas instituições que mantém como meta principal a divulgação da cultura japonesa no país e a integração entre as duas nações amigas.