Ontem, 4 de outubro, foi o Dia do Nihontō!

“Hoje é dia de Cultura Japonesa!” – Capítulo 57

O dia 4 de outubro é o dia da espada japonesa, o nihontō, também conhecido como katana. Esta data foi definida devido ao goroawase (trocadilho numérico), pois 10 pode ser lido como “too” e 4 é “shi”. Então, 10/4 é tōshi, que se parece com a palavra “tōshō” (刀匠), mestre artesão/ferreiro de katana.

O katana é conhecido tanto pela sua funcionalidade como arma, como pela sua beleza, caracterizada pela curvatura e por ter lâmina em apenas um lado. Existe uma frase que diz que o katana deve ser algo que “orezu, magarazu, yokukireru” (折れず、曲がらず、よく斬れる). Ou seja, “não quebra, não entorta, e corta bem”.

No mangá Bakuman (2008), que retrata a vida de dois adolescentes que desejam se tornar mangaká (autor de mangá), um dos protagonistas diz que existe um ponto em comum nos mangás de luta que fazem sucesso: a presença de katana na trama.

De fato, só das obras publicadas na revista Weekly Shonen Jump, podemos citar Sakigake!! Otokojuku, na década de 80, Rurouni Kenshin (Samurai X), na década de 90, Bleach e Gintama, nos anos 2000, e Kimetsu no Yaiba (Demon Slayer), nos anos 2010, além de personagens importantes como Roronoa Zoro (de One Piece) ou Hiei (de Yu Yu Hakusho).

Mesmo nos jidaigeki (時代劇), filmes e seriados de época, um dos elementos mais esperados pelo expectador é o chanbara (チャンバラ), a luta de espadas entre samurais. Há quem diga que gostar de chanbara faz parte do DNA dos japoneses.

A espada foi introduzida ao Japão pela China. Na época, era feita de bronze, e era reta. Provavelmente se utilizava para dar pancadas, ao invés de cortar. A espada com curvatura começou a surgir em meados do Período Heian (séculos 8 a 12) e se desenvolveu a partir Período Kamakura (1185 a 1333), quando os guerreiros passaram a ser a classe dominante.

O katana passou por várias pequenas mudanças conforme a alternação de épocas de batalhas e épocas de paz, até que, na Era Meiji, o porte de katana tornou-se proibido com o “Édito de Abolição da Espada” (Haitōrei, 廃刀令), de 1876. Posteriormente surgiu o guntō (軍刀), a espada militar, que seria um híbrido entre o sabre e o katana.

Nos filmes e novelas de Musashi Miyamoto, um dos momentos mais famosos é o duelo com Kojirō Sasaki. Kojirō tira sua espada da bainha e joga a bainha ao mar. Musashi diz: “Kojirō já está derrotado. Quem pretende vencer a batalha jamais jogaria a bainha, para voltar a guardar a espada após a vitória”. Kojirō também é conhecido pela técnica “tsubame gaeshi” (燕返し), a mudança brusca da direção da espada, tão rápida quanto uma andorinha.

Outra técnica popular em filmes e animes é o “shinken shirahadori” (真剣白刃取り), técnica de imobilizar a espada do adversário com as mãos nuas, prensando a espada do oponente com as palmas das mãos.

Espadas famosas costumam ganhar nomes, geralmente herdando o nome do ferreiro, como “Masamune”, “Muramasa”, “Kotetsu” e “Kanesada”. Em outros casos, recebe o nome do usuário da espada ou de algum episódio específico, lenda ou nome de yōkai.

As espadas assinadas por Muramasa são conhecidas por serem espadas amaldiçoadas (妖刀, yōtō), que perseguiam Ieyasu, o primeiro Xogum Tokugawa. Seu avô foi morto com uma espada Muramasa, seu filho herdeiro teve que cometer o seppuku (“harakiri”, “suicídio honroso”) com uma espada de pequeno porte Muramasa. Sua primeira esposa também foi morta pela espada da mesma linhagem. E, como se não bastasse, na batalha decisiva conhecida como “Cerco de Osaka”, Yukimura Sanada ameaçou a vida de Ieyasu também com uma Muramasa.

A espada “Heshikiri Hasebe” foi forjada por Kunishige Hasebe e é a espada que Nobunaga Oda concedeu à Kanbei Kuroda. “Heshikiri” significa cortar com pressão. A espada ganhou este nome pois Nobunaga tentou cortar um chabōzu (criado que serve o chá) que se opôs a ele. O criado se escondeu numa prateleira e Nobunaga o matou cortando-o com a prateleira e tudo, na base da força.

A espada Dōjigiri Yasutsuna, forjada por Yasutsuna Ōhara, é uma das cinco katana mais importantes, sendo inclusive registrado como Tesouro Nacional do Japão. Tem o nome “Dōjigiri”, “cortador de Dōji”, pois, segundo a lenda, Minamoto no Yorimitsu teria decapitado o ogro/yōkai Shutendōji, usando esta espada.

Isami Kondo, líder da tropa Shinsengumi, que servia ao Xogum Tokugawa, é famoso pela frase: “Nesta noite, a minha espada Kotetsu está sedenta de sangue” (今宵の虎徹は血に飢えている). Porém, hoje acredita-se que a espada de Kondo não era uma Kotetsu, de fato.

Atualmente há uma febre entre os jovens, principalmente as moças, para conhecer as espadas lendárias, inclusive com aumento da visita delas em exposições.

Isso, em parte, por causa de jogos e aplicativos de celular como o Tōken Ranbu (刀剣乱舞), em que as espadas são transformadas em personagens bonitões. O Gijinka (擬人化, antropomorfização) é um recurso muito utilizado na indústria da cultura pop japonesa. As jovens vão às exposições para conhecerem as espadas que deram origem a seus personagens preferidos. Veja mais sobre este fenômeno neste link.

Em 2015, a Fundação Japão trouxe o mestre em Iaido e especialista em espadas japonesas Isao Machii para se apresentar na Comic Con Experience. Ele possui vários recordes reconhecidos pelo Guiness Book. Um dos recordes, por cortar com katana um projétil de airsoft de 6 milímetros, disparado à uma velocidade de 350 km/h. É possível ver suas habilidades incríveis buscando por “Isao Machii” no YouTube.

 


 

Veja também nossos artigos anteriores:

8 de agosto – Dia do Yōkai (Capítulo 19)

20 de agosto – Semáforo no Japão (Capítulo 28)

7 de setembro – Eijiki (Capítulo 38)

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