Relato do aluno: Organização, presteza, educação e respeito dos japoneses impressionam vencedor do II Concurso de Redação da ACBJ

 Por Paula Cabral Gomes

Premiação do Concurso de Redação (André Oura ao centro)

Premiação do Concurso de Redação (André Oura ao centro)

Quando o amor pela cultura japonesa e a vontade de conhecer o país de origem de seus ascendentes falam bem alto, a inspiração chega e você consegue expressar em palavras todo o respeito que possui por essa história milenar e repleta de conquistas.

Por meio de uma redação escolhida como a melhor do II Concurso Redação da Aliança Cultural Brasil-Japão, cujo tema era o aniversário de 60 anos da ACBJ, André Oura, engenheiro e karateca, foi ao Japão estudar e conhecer os principais pontos turísticos de Tóquio, Aomori e Sapporo.

Com diversas experiências inesquecíveis na bagagem, Oura voltou impressionado com o respeito e a receptividade dos japoneses, o que aumentou nele o desejo de que os brasileiros tenham mais conhecimento dessa cultura e, assim como ele, façam sua parte em pequenos gestos. Saiba mais detalhes sobre a viagem de Oura e suas observações sobre a cultura japonesa.

Nebuta Matsuri em Aomori

Nebuta Matsuri em Aomori

Quando começou a estudar japonês? Em que nível está?

Estudei um pouco quando criança, mas voltei a estudar com mais motivação e seriedade há cinco anos. Estou no Nozomi 2.

Quando, como e por que começou seu interesse pela cultura japonesa?

Meu interesse se deve um pouco pela descendência e muito pelo meu hobby, o Karatê, que nasceu no Japão. Pratico há mais de 20 anos e quanto mais me aprofundo nesse esporte, mais me envolvo com sua cultura. Por fim, músicas, animes do mestre Miyazaki, e, obviamente, a culinária me estimulam a conhecer melhor a cultura e língua japonesa.

Como foi o processo de construção da sua redação?

O tema era o aniversário de 60 anos da Aliança Cultural Brasil-Japão, então comecei pela leitura dos haikais do poeta Guilherme de Almeida, fundador da Aliança. Me inspirei também na obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, do Machado de Assis, onde o autor postumamente conversa com o leitor. Minha brincadeira consistiu em falar com o leitor do futuro sobre o passado, o presente, e as expectativas com relação ao futuro da escola e do ensino da língua japonesa. 60 anos para trás e 60 anos para frente.

Como você recebeu a notícia de que a sua redação tinha sido a escolhida?

Sentimento de felicidade. Não só pelo prêmio, uma passagem aérea para o Japão, que já é incrível, mas pelo mérito de ter meu texto reconhecido. Além disso, sei que colocar na prática o que aprendemos na sala de aula é uma oportunidade fantástica e compensadora. Ir ao Japão é uma experiência única. Como mencionei na minha redação, é a cereja do bolo, a recompensa pelo esforço do nosso estudo.

Como foram os preparativos para a sua viagem ao Japão?

Minha viagem começou durante os preparativos. Aonde ir, o que visitar, quanto tempo ficar. É como se eu já estivesse um pouco lá. Decidi inserir uma experiência adicional. Além do turismo, queria estudar japonês no Japão. Planejei ficar duas semanas em Tóquio, estudando japonês. Depois, em busca de temperaturas mais amenas no verão nipônico, optei em ir para o norte, de shinkansen, o famoso trem-bala.

Visita ao templo de Asakusa

Visita ao templo de Asakusa

Quais lugares você visitou?

Fiquei em Tóquio, como planejado. Visitei os principais pontos turísticos, como o cruzamento de Shibuya, um dos maiores do mundo, e onde fica a estátua do Hachiko; o templo de Asakusa e as irresistíveis lojinhas; Tokyo Skytree, a torre mais alta do Japão; o museu do Lamen, em Yokohama; o mercado de peixes de Tsukiji; o bairro de Ginza; Akihabara, o paraíso dos eletrônicos e dos animes; e muitos outros.

Depois, ao seguir para o norte, fiquei alguns dias em Aomori, onde pude acompanhar os preparativos para o famoso festival Nebuta, com seus carros alegóricos e ensaios de taikos, e cheguei até Sapporo, onde tem uma tradicional fábrica de chocolate chamada Shiroi Koibito.

O que mais te impressionou?

Esta é a pergunta mais difícil, pois foi uma sequência de experiências inesquecíveis. Genericamente, poderia mencionar integração entre a cultura milenar e a tecnologia de ponta. Também chama a atenção a organização e pontualidade dos transportes públicos. Não menos impressionante foi a sensação de segurança, em qualquer lugar, a qualquer hora, e a educação e o respeito dos cidadãos.

Especificamente no meu roteiro, também tive algumas experiências interessantes. O leilão de atum no mercado de Tsukiji parece um ritual, com personagens caricatos e teatrais. Minha estadia na escola em Tóquio também foi excelente. Além do contato com alunos de japonês do mundo inteiro, tive oportunidade de conversar com vários professores nativos sobre detalhes e curiosidades da vida no Japão, desmistificando que sejam pouco receptivos. Em Sapporo, o clima de verão ameno estava perfeito para o turismo, mas me impressionou a cidade subterrânea com restaurantes e lojas, também interligada com o metrô, totalmente preparada para o rigoroso inverno.

O que mudou em você com relação à cultura japonesa após conhecê-la pessoalmente?

Na escada rolante, agora, sempre encosto do lado direito, para dar passagem aos que estão andando. É um marcante hábito dos japoneses. Lá existe uma grande preocupação em respeitar o próximo, não incomodar. Por outro lado, quando demandados, são muito prestativos, tentam ajudar e resolver nossos problemas, mas sem usar o “jeitinho”. Ou seja, fazem tudo que for possível, sem ferir regras. Desejo termos essa cultura em nosso país e, para isso, vou fazendo a minha parte nos pequenos gestos.

Nebuta Matsuri em Aomori

Nebuta Matsuri em Aomori

Qual a importância do aprendizado e do compartilhamento da cultura japonesa no Brasil?

Defendo que aprender uma cultura diferente nos torna mais tolerantes e, como consequência, o mundo se torna melhor. Além disso, nos deixa mais aptos social e profissionalmente. Especificamente sobre a cultura japonesa, temos no Brasil a maior comunidade de descendentes nipônicos do mundo. Nossas culturas, apesar de distantes, estão muito próximas. Se os japoneses podem se beneficiar em serem um pouco “brasileiros”, os brasileiros e o Brasil podem se desenvolver muito se forem um pouco “japoneses”. Alguns brasileiros se assustam ao assistir as crianças japonesas ajudando na limpeza da escola, ou quando eles recolheram o lixo nos estádios ao final dos jogos da Copa do Mundo no Brasil. Mostra quanto a cultura milenar é atual e, eu diria, evoluída.

Gostaria de agradecer a Aliança Cultural Brasil-Japão e a Fundação Kunito Miyasaka pela iniciativa de promover o concurso de redação e proporcionar aos estudantes a possibilidade de visitar o Japão. Também gostaria de incentivar os alunos da Aliança a participarem do concurso. Sou a prova real de que vale a pena. Viajar ao Japão está entre as experiências mais marcantes da vida de uma pessoa.

A Aliança recebeu os trabalhos para o III Concurso Redação da Aliança Cultural Brasil-Japão até o dia 15 de março de 2018, e atualmente a Comissão Julgadora do concurso está avaliando os trabalhos recebidos. O tema desse ano é “o respeito ao meio ambiente na cultura japonesa”. O resultado será divulgado no dia 16 de abril de 2018. O vencedor ganhará uma passagem de ida e volta para o Japão.

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