Tesoura em japonês é hasami (leia-se rassami). A escolha do dia 3 de agosto como o Dia da Tesoura no Japão foi proposta pela esteticista Aiko Yamano, aplicando o goroawase (trocadilho numérico). Pois ha = hachi = 8 e sa = san = 3, ou mi = mittsu = 3.
Yamano também propôs a realização do “Hasami Kuyō” (ハサミ供養), uma cerimônia de gratidão às tesouras utilizadas no dia-a-dia. O Hasami Kuyō é realizado todos os anos, às 3h da tarde, do dia 3 de agosto (8-3-3 = hasami), desde 1977, no templo Zōjō-ji (増上寺), em Tóquio. No entanto, a edição deste ano foi cancelada. Este templo possui uma estátua de Kannon (観音, Deusa da Misericórdia), que foi construída em 1981, e que segura uma tesoura na mão direita.
O Hasami Kuyō foi criado baseando-se no Hari Kuyō, o ritual de gratidão à agulha. O Hari Kuyō é realizado no dia 8 de dezembro, ou em 8 de fevereiro. O primeiro representa o fim dos trabalhos agrícolas de um ano, e o segundo, o reinício das atividades no ano seguinte. O ritual consiste em colocar as agulhas usadas, quebradas, entortadas, enferrujadas, num alimento macio como o tofu, para “confortá-las” e agradecer pelo “serviço prestado”.
A palavra “kami” em japonês pode significar cabelo (髪), papel (紙), Deus/divindade (神), entre outros. Os profissionais de beleza usam a tesoura para cortar o cabelo, mas no Japão existe uma arte tradicional de entretenimento (伝統芸能, dentō gueinou) chamada Kamikiri (紙切り), em que o artista recebe um tema do público e vai cortando um papel no improviso conforme o tema e, ao mesmo tempo, entretém o público contando histórias.
Para saber mais sobre o Kamikiri, você encontra performances buscando por “Kamikiri – papercutting” no YouTube. Por exemplo, tem este vídeo da Agência para Assuntos Culturais do Governo Japonês:
Em tempos de quarentena, sentimos a falta de uma barbearia ou de um salão de beleza, não é?! Compartilhe conosco como você tem se virado com seu cabelo.