Aluna da Aliança ressalta vitórias conquistadas pelo amor por animês, mangás e karuta

Por Paula Cabral Gomes

Assim como boa parte dos estudantes de japonês, o interesse pelo Japão de Roxane Pirro, 22 anos, psicóloga, surgiu na infância devido a animês e mangás. Quando assistiu “Chihayafuru”, conheceu o karuta (jogo de cartas japonês) e correu para descobrir onde poderia jogar em São Paulo.

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Em 2015, o karuta passou a ocupar cada vez mais espaço na vida de Roxane, que participa de encontros semanais para a prática. Ela também ajuda a divulgar o karuta indo a eventos e festivais de cultura japonesa, com o grupo Meguriai Karuta Kai, onde consegue ter ainda mais contato com a cultura.

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Antes de estudar japonês, a psicóloga aprendeu katakana, hiragana e vocabulários para praticar o karuta, e em 2016, começou o curso de nihongo na Aliança Cultural Brasil-Japão. Roxane acredita que os brasileiros têm muito a aprender com os japoneses, principalmente quando os assuntos são educação e responsabilidade social.

Em dezembro de 2017, Roxane conquistou a primeira vitória em competições de karuta. O grupo dela foi campeão de uma competição de times organizada pelo Meguriai. Depois, a psicóloga teve a oportunidade inesperada de participar de uma competição na Flórida e também foi campeã.

Saiba mais sobre a conquista internacional da aluna e sua relação com a cultura japonesa na entrevista abaixo:

Quando começou a estudar japonês?

Aprendi coisas básicas da língua japonesa antes de começar a praticar karuta, como katakana, hiragana e vocabulários. Depois de algum tempo no karuta, decidi que era hora de começar a estudar de verdade, em 2016. Desde então estou na Aliança Cultural Brasil-Japão.

Quando, como e por que começou seu interesse pela cultura japonesa?

Creio que para a maioria das pessoas, o interesse pela cultura japonesa floresce por conta de animês e mangás. Comigo não foi diferente, desde a época que passava animês na TV aberta. Quando criança, nunca pensei que meu interesse chegaria a esse ponto, mas a cada animê que via, conhecia um pouco mais da cultura e costumes.O ponto chave foi ter visto “Chihayafuru”, o animê que retrata o karuta. Não tinha nem terminado o terceiro episódio e já estava pesquisando onde poderia jogar. O karuta não é muito conhecido e na maioria das vezes é ignorado por ser considerado “difícil” por muitos brasileiros, mas mesmo assim me abriu muitas portas no mundo nipo-brasileiro, tanto pelo contato maior com a língua e cultura tradicional, quanto pelas pessoas que conheci ao longo dos anos, me envolvendo cada vez mais.

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Qual a importância do aprendizado e do compartilhamento da cultura japonesa no Brasil?

Na minha visão, o Japão tem uma cultura muito tradicional e uma história bem rica para compartilhar com o mundo todo. Acredito que os brasileiros têm muito a aprender de maneira geral, principalmente sobre educação, responsabilidade social, como se referir a alguém ou modos escolares, como a limpeza que se ensina nas escolas japonesas desde crianças. A literatura, poesia e o conhecimento do Japão são muito vastos e principalmente em São Paulo posso perceber como temos a influência dessa cultura, mesmo fora do bairro da Liberdade. Acredito que o contato com outras culturas deixa o mundo mais tolerante e os brasileiros com certeza necessitam disso.

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Quando você começou a jogar karuta? Onde joga?

Quando pesquisei onde poderia jogar, descobri o Meguriai Karuta Kai em São Paulo, fundado em 2013, e mandei mensagem perguntando como funcionava. Comecei a jogar karuta em meados de 2015, completando agora 3 anos. Desde então nos encontramos semanalmente para praticar. Para mais informações sobre local ou conhecer mais sobre esse jogo tradicional, podem acessar nosso blog: https://meguriaikai.wordpress.com/, que contém todos os nossos eventos, downloads, dicas e muito mais!



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Já participou de muitas competições? Como são essas competições? Fale mais detalhes sobre a competição que ganhou.

Atualmente, participei de 2 competições de karuta. Infelizmente, nenhuma que seja classificada como “oficial” por não dar Dan (no karuta, existem rankings que vão de A a E), entretanto continuam sendo importantes.

A primeira que participei foi a competição de times organizadas pelo Meguriai em dezembro de 2017, que foi um sucesso. Era nossa primeira competição e foi muito divertido ter organizado aquele evento. Meu time, “Karuji”, foi campeão! Junto com a Aline e o Rapha treinamos bastante e os esforços foram recompensados!

A segunda caiu do céu no meu colo e não estava nem um pouco preparada, mas mesmo assim deu tudo certo. Eu estava visitando uma parente nos Estados Unidos, no estado da Flórida. Acabei não falando para ninguém que estava lá, mas quando descobriram, a primeira coisa que fizeram foi me lembrar de que estava tendo uma competição organizada em Washington e que eu deveria fazer um esforço para ir.

Depois de alguns dias acabei conseguindo uma boa passagem e fui acolhida pela família da Mutsumi Yoshida Stone (uma embaixadora de karuta que viaja o mundo promovendo o jogo, que já veio ao Brasil dar palestras e nos ajudar). Confesso que estava bem nervosa, porque é muito diferente jogar com pessoas que nunca vi na vida, que não sei o estilo de jogo ou modo como pensa. No Japão isso pode ser super normal por existirem várias competições em diferentes províncias, mas em São Paulo somos um grupo pequeno e não varia muito.

Depois desse choque de realidade, a partida final foi contra Kyoko Hiromoto (do clube Nakamura, de Boston), que possui Rank C no Japão. Apesar de estar nervosa por ser minha primeira competição individual (e ainda fora do país!), consegui trazer o troféu para casa.

De volta ao Brasil, fui super bem recebida e tive muita história para contar, e sem dúvida foi um passo muito importante para o nosso grupo ter esse título e reconhecimento internacional, jogando com os principais times em atividade nos Estados Unidos.



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Além do karuta, você tem ligação com outra atividade ligada à cultura japonesa?

Atualmente, karuta é o que mais me conecta com a cultura, por participarmos de eventos como workshops na Aliança, Bunka Matsuri, Anime Dreams, Festival do Japão de São Paulo e Rio de Janeiro, entre outros. Por causa desses eventos e contatos, acabei conhecendo mais sobre a culinária, Go, Shogi e Kyudo, mas não tenho ligação com essas atividades. Um dia, quem sabe, gostaria bastante.

Já foi para o Japão? Ou pretende ir? Como (bolsa de estudos, por conta própria etc.)?

Não, nunca fui para o Japão, mas isso definitivamente está nos meus planos. Inicialmente pensei em ir tentando uma bolsa de estudos, mas é complicado para conseguir. Enquanto isso, pensei por outros meios, e novamente, o karuta me abriu portas. Estou aguardando resposta pelas próximas semanas se há confirmação de uma ajuda financeira para ir ao Japão participar de uma competição oficial de karuta em novembro deste ano. Seria para participar tanto da competição individual, quanto na competição em times, onde eu e mais 2 amigos iríamos representar o Brasil. É realmente um sonho poder ir ao Japão competir oficialmente depois de tantos anos jogando apenas em São Paulo, então independente de dar certo ou não dessa vez, já estou treinando bastante para quando conseguir!

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