Dia 29 de outubro é o Dia do Oshibori!

“Hoje é Dia de Cultura Japonesa!” – Capítulo 72

O oshibori é a toalhinha umedecida que é oferecida aos clientes nos restaurantes japoneses logo que estes se acomodam nas mesas ou no balcão. O dia 29 de outubro tornou-se o Dia do Oshibori no Japão desde 2004, por solicitação da Federação Nacional das Cooperativas de Fornecedores de Oshibori (全国おしぼり協同組合連合会).

Trata-se de um goroawase (trocadilho numérico). O mês de outubro é 10. A mão tem 10 dedos. E mão em inglês é “ten”, que se parece com “te”, que é “mão” em japonês. Quanto ao 29, 2 em japonês pode ser dito como “futatsu”, de onde pegamos o “fu”. 9 em japonês é “ku”. Juntando as duas sílabas, “fuku” significa limpar com pano ou enxugar. “Te wo fuku” significa “limpar as mãos (com o oshibori)”.

A palavra oshibori vem do verbo “shiboru”, espremer, torcer. É uma prática que surgiu no Japão, em parte por ser um país com elevada umidade atmosférica, o que causa muito suor, principalmente no verão. Hoje, o oshibori é um dos símbolos da “Cultura do Omotenashi” do Japão. Omotenashi, muitas vezes, é simplesmente traduzido como “hospitalidade”, mas esta palavra possui uma profunda filosofia que diz respeito a como receber bem o seu cliente ou visitante.

A forma primordial do oshibori teria surgido por volta do Período Heian, quando a nobreza oferecia um pano umedecido para seus visitantes. Há quem associe a origem do oshibori com a prática de purificar as mãos (e indiretamente a boca) antes de entrar nos santuários xintoístas ou templos budistas. Esta prática teria sido adaptada para a Cerimônia do Chá e, depois, para o oshibori, já no Período Edo.

No Período Edo, surgiram os panos (tenugui) de algodão e as hospedarias passaram a providenciar tinas de água com tenugui. Os próprios hóspedes molhavam o tenugui na tina, espremiam o pano e limpavam suas mãos e seus pés. Esta seria a origem da palavra oshibori.

O oshibori caiu em desuso durante o período da Segunda Guerra Mundial. No pós-guerra, o oshibori acompanhou o crescimento dos restaurantes no Japão, voltando a se popularizar. No começo, cada restaurante lavava e preparava o oshibori. Desde a década de 1950 para 60, surgiram os “kashi oshibori” (貸しおしぼり), literalmente, “empréstimo de oshibori”. São as empresas especializadas em fornecer os oshibori e coletá-los após o uso. Atualmente, a grande maioria dos restaurantes terceiriza o oshibori, o que garante altíssimo padrão de higiene, conforme o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão determinou em 1983.

Por volta de 1960, surgiu a tecnologia de empacotar o oshibori em plástico, por unidade. Já na década de 1970 para 80, surgem os práticos oshibori descartáveis, de papel. Mas o uso destas tecnologias tem sido revisto, pelo ponto de vista ambiental. O Japão está cada vez mais investindo nos SDGs (no Brasil, ODS: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e o uso adequado do kashi oshibori está alinhado com o Objetivo 12: assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.

Existe uma polêmica em relação ao uso do oshibori, que tem gerado longas discussões no Japão e no Brasil. É permitido limpar o rosto ou a boca com o oshibori? Enquanto artigo publicado nas redes sociais da Aliança Cultural Brasil-Japão, vamos adotar o ponto de vista da etiqueta, dos bons modos. Assim, NÃO recomendamos limpar o rosto com o oshibori.

Entretanto, na internet existe uma entrevista interessante com o Sr. Masanobu Okonogi, presidente de uma das cooperativas associadas à federação de oshibori. No ponto de vista dos fornecedores, não há nenhum problema em limpar o rosto com o oshibori, pois eles recolhem as toalhinhas e lavam com rigorosíssimo controle de higiene para o próximo usuário poder utilizar sem preocupação.

Lembramos que este controle rigorosíssimo vale no Japão. No Brasil, vamos colaborar com os restaurantes que, na maioria dos casos, precisam lavar e higienizar o oshibori no próprio restaurante.

Okonogi também acrescenta que uma atitude a ser evitada é limpar bebidas, shoyu ou demais molhos derramados na mesa, pois isso dificulta a lavagem e, como consequência, reduz a vida útil do oshibori. Mas a realidade é que em alguns casos, os próprios garçons acabam usando o oshibori para limpar as mesas, mesmo no Japão.

Outra informação interessante trazida por Okonogi é que existe um ranking para determinar o quão luxuoso é um oshibori. Eles adotam a unidade de medida de peso “monme” (匁). Quanto maior o monme, ou seja, quanto mais pesado, mais luxuoso. O oshibori mais luxuoso que ele tem conhecimento é aquele confeccionado com as famosíssimas toalhas de Imabari, da província de Ehime.

Etiquetas à parte, uma prática que entra e sai de moda no Japão com frequência é o “oshibori art”. Enquanto a comida não vem, os clientes usam os oshibori para produzir formas divertidas como animais e flores. Um dos oshibori art de maior sucesso no Japão é o personagem Totoro, de Hayao Miyazaki. É possível buscar no YouTube com “おしぼりアート”, “oshibori art” ou simplesmente “towel art”. Experimente fazer o oshibori art, preferencialmente em casa, e compartilhe marcando o perfil da Aliança no Instagram.

 


 

Veja também nossos artigos anteriores:

1º de agosto – Dia da Água (Capítulo 13)

4 de agosto – Dia do Hashi (Capítulo 15)

29 de setembro – Dia do Manekineko (Capítulo 52)

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